As Pérolas da Minha B.
De vez em quando, a minha mãe vai buscar a minha B. à escola. Para ela é uma felicidade porque ela sente-se como em sua prórpia casa e é tudo e todos dela, inclusivé o Bóbi de quem se intitula "sua dona".
Ela manda e desmanda em todos, faz-me autênticos interrogatórios com rajadas de cerca de duzentas perguntas por minuto e inventa sempre grandes conversas, com coisas do arco-da-velha.
Os grandes visados com as suas opiniões e ordens, são o meu pai e o cão.
Hoje, estava ela comigo e com a minha mãe, quando o Bóbi se junta a nós. Se o cão a adora, ela também gosta muito dele e anda sempre de volta dele. E com isto ele pensa que ela lhe está a dar confiança e depois quer ir dar-lhe beijos e brincar com ela, e ela depois não quer.. É tipo pescadinha de rabo na boca, estão a ver?
Às tantas a minha mãe diz-lhe:
Mãe: B., deixa o cão!
B. : Quem é o cão? - pergunta ela muito admirada.
Mãe: É o Bóbi... - diz a minha mãe meio a rir-se.
B. : Ó tia o Bóbi é um cão?!? - pergunta ainda mais admirada, como se fosse a coisa mais estapafúrdia ao cimo da terra.
Mãe: Siiiimmmm...
B. : Porque é que é um cão? Porque é que não é uma pessoa? - pergunta a B. realmente intrigada.
Eu, que já não me aguentava de tanto rir, respondi-lhe:
Eu: Porque é um animal...! - e desatei à gargalhada.
Mas eu percebi este espanto todo. Acredito que para ela o Bóbi é um elemento da família como outro qualquer, como se fosse um outro primo, embora ligeiramente diferente. Por isso, naquela cabecinha de criança inocente, nunca imaginou que o Bóbi não fosse uma pessoa e sim um animal.